domingo, 28 de junho de 2015

Copa América 2015

Copa América 2015

Brasil x Paraguai, Copa América 2015 no Chile – pelas quartas de final - só ficou bom depois dos 26’ do segundo tempo com o gol de Gonzáles. Até então o magro placar de 1 x 0 favorável a seleção canarinho não representava emoção, domínio de jogo por parte do Brasil e sequer nervosismo exalado pelos torcedores.
Vez e outra alguém até se dispunha a sair da varanda para sala a fim de saber como andava o jogo: A mesma coisa. Mas o gol paraguaio salvou o espetáculo. Precisava-se fazer alguma coisa. Ou logo logo viriam os pênaltis.
Ninguém fez vieram os pênaltis e o Brasil era um grupo de homens isolados, com os rostos duros, e as mãos inseguras. Enquanto os paraguaios se agarravam em gritos altos, munidos de olhos vibrantes e palmas que emergiam a vermelhidão do sangue quente.
Nas cobranças as caras dos jogadores brasileiros amargavam nossos palpites: Esse não vai fazer – e não fazia mesmo.
Um Paraguai convicto e destemido venceu nos pênaltis – 4 x 3 - um Brasil desgarrado e limitado. Um Brasil que diríamos “paraguaio” se estivéssemos em outros tempos.

Rafael Alvarenga

Itatiaia, 28 de junho de 2015  

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Hoje eu não poderei lhe emprestar

Hoje eu não poderei lhe emprestar

Hoje eu não poderei lhe emprestar meus pés. É que preciso andar e chegar em algum lugar onde possa descansar depois. Também não poderei lhe emprestar minhas mãos. Pois preciso dá-la a uma criança ao atravessar a rua. E hoje eu também não lhe poderei emprestar meus olhos. É que a tarde é de outono e o céu está limpinho. Muitas cores serão derramadas e isso não demora. Por favor, não me leve a mal, mas não poderei lhe emprestar mesmo.
Hoje eu não poderei lhe emprestar meus cabelos. Eles estão compridos e avessos, eu sei, mas é que pegarei uma carona na carroceria aberta de uma caminhonete e o vento, por mais furioso que seja, não tem graça nenhuma em uma careca.
Ah, e não é que eu seja egoísta, porém hoje eu também não poderei lhe emprestar minha língua. Porque eu vou sair e jantar com uma mulher incrível. E haverá a massa e a conversa. Não posso ficar insosso e mudo. Eu sinto muito, mas hoje eu não poderei lhe emprestar meus ouvidos. Pois eu estou precisando ouvir umas verdades. E por isso estou com eles aqui, bem abertos voltados para os alto falantes do mundo.
Hoje eu não poderei lhe emprestar minha felicidade. Porque eu estou ansioso para usá-la. É isso mesmo. De sair por aí cantando alto e sem nenhuma preocupação com o momento tedioso de voltar.
Não me leve a mal, mas é que hoje, sequer dinheiro eu poderei lhe emprestar.

Rafael Alvarenga

Itatiaia, 12 de junho de 2015