segunda-feira, 1 de abril de 2013

Árvore


Árvore
Seu corpo é troncudo.  E possui sangue verde. Já o peitoral é de madeira. Inclusive eu vi quando nele tatuaram um coração com duas letras tortas dentro. Doeu. Mesmo assim seus braços jamais cessaram sua firmeza. Jamais tombaram esmorecidos.
                Quanto aos pés são pés normais de árvore mesmo. Estranhas são as unhas. Pretas da terra na qual se fincam.
No tempo da velhice as árvores perdem os cabelos amarelados; quebradiços e leves.
Seja o tempo que for, vem de todos os galhos informações de lugares outros. E ela ali. Sempre árvore. Enraizada. Permanente. Se as árvores pudessem voar onde é que fariam seus ninhos? E seus ovos? Na terra como ficariam indefesos!
Mas é pelo seu comprido que elas superam qualquer sensação. Pois seus cabelos correm feito nuvens crespas. E é por isso que as árvores sobem tão alto. É por isso tanto esforço a fim de levantar mais alto que telhados e jequitibás um único cacho de folhas que seja.
Na árvore apontam os galhos. Braços em forma de esperar abraço. Ilusão. Pois o que o outro busca é somente o abraço da sombra.
No dia a árvore dorme. De pé como um cavalo. De olhos fechados como os humanos. E assim dorme um sono normal, de árvore mesmo.  

Rafael Alvarenga
Resende 24 de março de 2013 

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