O dia em que perdi R$ 100,00
Hoje perdi R$ 100,00. E agora bem que eu gostaria
de pensar em certa causalidade sobrenatural. Resignando-me pacientemente. Pois
em algum momento futuro haveria de receber em dobro. Mas, sinceramente, não é
possível tamanha fé diante da perda da nota.
E pensar que o volume de minha desolação seja tão
frio e gigante como um Plutão. Em contrapartida, a felicidade daquele que a encontrou
é luminosa e quente como um sol imensurável.
Agora me vem à mente todo tipo de arrependimento.
Poderia não ter saído. Poderia ter conferido a costura do bolso. Poderia tê-la
levado na mão. Em segurança. Contudo, não passa pela minha cabeça jamais tê-la
possuído.
Desesperado retorno pelo caminho. Olho debaixo de
carros; acompanho a curva do vento, porque acredito que a nota pode ainda,
ultraleve, plainar sobre o ar. Desesperado interpelo os passantes. Será que não
viram pela via pública uma nota nova de R$ 100,00? É que ela é minha.
Em instantes enlouqueço. Qualquer sorriso é
suspeito. Pela porta do mercado sai um homem com muitos embrulhos. Talvez
R$100,00 em mercadorias. Em bobagens jamais compradas com o salário suado de
cada mês. Porém com uma nota de R$ 100,00 achada no chão, sim.
Agora só o tempo me fará lembrar sem dor. Porque
dói perder R$ 100,00. Um dia falarei dessa perda sem muito desatino. Fazendo do
caso estória para contar quando o assunto for dinheiro. Mas hoje não. Hoje
prefiro ficar em silêncio. Por que hoje foi o dia em que perdi R$ 100,00.
Rafael Alvarenga
Resende, 25 de abril de 2013
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