No silêncio da praça ocultavam-se casais de
namorados. Algumas vezes camuflados entre abraços. Outras vezes naufragados no
escuro que os olhos fechados oceanam.
Não havia quem se destacasse como par.
Um ônibus passou com toda sua longa brutalidade. Em
seguida um Sr. pedalando uma bicicleta magra, também passou. Quem não passou
foi o homem recém-chegado. Aproximou-se de um dos casais, até então escondido.
E os iluminou lhes dizendo palavras em alto e bom som, sem nenhuma amabilidade.
O rapaz pediu, ainda que tímido, explicações para a não aceitação do namoro. Ao
que o homem nada mais respondia senão “eu não aceito”.
E foi assim que os estudantes perderam a pressa de
descer as escadarias fronteiriças à escola. E as janelas das casas dormideiras
se abriram em flor curiosa e noturna. E os demais casais fecharam os lábios
úmidos e abriram os ouvidos sensíveis a um pequeno sussurro.
Na discussão a moça não era consultada. Sua sorte
era acertada a partir de mandos e desmandos. Já os expectadores, como hienas,
aguardavam as vias de fato.
O rapaz abria os braços, como quem vai anunciar
inocência. Depois olhava para os lados em busca de paciência ou coragem. Porém
a determinação das palavras do homem o enxotou.
De algum canto da praça alguém se decepcionou. Ansiava
que o problema vestisse dimensões maiores. Que se tornasse o caso da praça.
Afinal, eram tantos casais e até hoje nenhum deles a publicar uma estória
sequer nessas folhas de pedra. Todos calados. Namorando. Sem cobiça alguma de
protagonizar o destaque que o alcaguete.
Rafael Alvarenga
Resende, 06 de julho de 2013
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