Uma mãe Outra filha e Um pai
Uma esfrega
o chão
Outra baderna
as panelas sob a pia
Uma diz não
precisar de rodo agora
Outra não se
satisfaz
Uma enche
balde d’água
Outra fica
no meio do caminho
Uma explica
que o lixo não brinca
Outra pede
colo
Uma traz os tapetes
do banheiro
Outra
arrasta um banco pelo quarto
Uma fecha
uma porta
Outra abre
uma boca em choro
Uma pede que
não se fique triste
Outra vai ao
chão em pirraça
Uma oferece
beijo
Outra quer
mais, muito mais
Uma oferece
companhia na brincadeira
Outra deseja
cumplicidade na bagunça
Uma põe
fralda no urso de pelúcia
Outra
estranha
Uma explica
Outra
soletra
Uma acha
graça
Outra se
deliga
Uma vai
atrás
Outra quer
novidade, muita novidade
Uma fala da
louça
Outra pede
papa
Uma explica
que vai prender o cabelo
Outra olha,
mas não esquece o que quer
Uma confere
o calendário
Outra quer
tudo hoje
Uma conversa
Outra se
cala
Uma
aproveita e se cala também
Outra remexe
o que já está remexido
Uma não dá
bola
Outra fala
seu dialeto de Ô, Ê, Mi, PA, CÔ, CA
Uma pensa:
amanhã é sexta-feira: banco, oficina, cartório...
Outra
espirra
Uma acode,
lenço em punho
Outra
espalha brinquedos
Uma lembra-se
de música
Outra leva o
dedo ao botão do rádio
Uma escolhe
a música
Outra sai
correndo
Um olha pelo
corredor
Outra lhe
pede colo
Um sabe: é o
ponto final do poema.
Rafael
Alvarenga
Resende, 01
de maio de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário