terça-feira, 3 de setembro de 2013

Objeto antigo

Objeto antigo

Informaram-me que não fabricam mais o que preciso. Mas disseram haver modelos novos. Mais modernos, foi o termo usado. Instantaneamente, minha expressão estampou as cores cinzentas da decepção.
Também pode encomendar um modelo novo, inteiramente exclusivo, continuou o vendedor. E como eu mantivesse o silêncio, talvez ele julgasse que eu não houvesse ainda entendido, e, portanto explicou mais uma vez: Um modelo que somente o senhor terá. Não haverá outro por aí!
Com muita seriedade eu debati, afirmando apenas querer aquele modelo de sempre. Ou alguém que me concertasse o antigo. Ao que ele se limitou a dizer ser impossível o que eu queria, pois não fabricam mais o modelo antigo.
É desesperador! Uma coisa é escolher mudar de vício. Outra, bem diferente, é saber que o objeto ao qual se viciou, prazerosamente, não é mais fabricado.
Passei meses procurando técnicos capazes de reparar o aparelho. Quando os encontrava não tinham a peça. Em busca da qual enlouqueci! Vasculhei antiquários, mas é claro que não a encontraria por lá, fui a feiras dessas de calçada, visitei ferros-velhos e colecionadores, porém apenas comecei a desistir quando já estava mapeando os lixões da cidade.
E o vendedor crê que eu não saiba o que seja Exclusivo! Exclusivo são minhas fitas cassete, e meu toca fita que não mais funciona! E agora eles pensam que exclusivo é ser amarelo.

Rafael Alvarenga

Resende, 01 de setembro de 2013

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