sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Pergunta de criança

Pergunta de criança

Hoje pela manhã uma criança me perguntou por que chovia. Respondi que já estava na ocasião das goiabeiras perderem as folhas da última primavera. E que por isso caíam gotas grossas, às vezes finas e insistentes, mas que enfim chovia. E que toda água caída do alto acontecia para também fazer cair de outro alto as folhas da goiabeira. Contudo não de forma que a árvore ficasse nua. Neste tempo úmido toda vida merece algo que lhe sirva de cobertura. É que na goiabeira para cada folha envelhecida que abandonava o fio da seiva um broto nascia. E seu verde era tão vivo que lembrava-nos o amarelo sanguíneo das flores dos ipês.
Foi ainda na companhia dessa manhã que a chuva cessou. Entretanto não como a perder o ânimo de viver enquanto água caindo. Cessou a fim de reunir-se em nuvens carregadas, incapazes de tolerarem a si mesmas. Choveria em breve, porém antes disso uma criança voltou a me perguntar: Porque parou de chover? Respondi que era para vermos as gotas d’água nas folhas da laranjeira. Pois penduradas em fino equilíbrio refratavam a luz do sol combatente forçando porta entre as nuvens que se deslocavam. De cada folha pendiam pérolas. E por esses pontos a luz multiplicada ensolarava um instante de espaço antes do de novo da chuva.

Rafael Alvarenga

Itatiaia, 11 de setembro de 2015

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