Conquista
Fez promessa a Santo Antônio. Garantindo ao
casamenteiro terras e céus caso lhe fosse dada a graça de ter em casa todas as tardes
aquele que desejava. Imaginava-o esparramado numa cadeira. O jornal suspenso
pelas mãos, com o noticiário esportivo oferecendo opiniões. Queria-o! Mesmo que
fosse unicamente após o trabalho.
O santo trabalhava dia e noite e mesmo assim não
dava conta dos pedidos. E ela impaciente. E se houvesse alguém a sua frente na
fila cuja graça desejada fosse o mesmo Ele?
Resolveu procurar um caminho mais curto. De
imediato pensou em algo de sete dias. Não demorou para descobrir que podia ser
até em três dias apenas. Entretanto encontrou uma mulher que lhe cobrou uma
abundância. Cada dia a menos uma centena a mais nos cifrões! Sorte sua comprar
o jornal naquela tarde. Nele publicava-se uma simpatia para mulher amada. Bem,
serviria para homem amado também, julgou. Faltava-lhe dinheiro suficiente para
tê-lo em três dias. Mas o tempo era tão curto... Ligou mesmo assim, a fim de
pechinchar. Por amor, a mulher disse diretamente, não atendia ninguém. Ficava
claro que, sob certa medida, o amor lhe custaria caro.
Fez a simpatia do jornal. Mas de forma alguma
brigou com santo Antônio. Com o dinheiro insuficiente para trazê-lo em três
dias, comprou um belo vestido de alça. Durante a festa de São Benedito,
investiu em um copo de vinho. Depois negociou seu acanhamento ao olhá-lo
calorosamente.
Aproximaram-se entre risos e comentários. Quando,
antes do beijo, ele declarou: Você me conquistou! Ela não pestanejou e
respondeu: Sou uma mulher de muita atitude.
Rafael Alvarenga
Resende, 16 de março de 2014
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