domingo, 16 de março de 2014

Conquista

Conquista

Fez promessa a Santo Antônio. Garantindo ao casamenteiro terras e céus caso lhe fosse dada a graça de ter em casa todas as tardes aquele que desejava. Imaginava-o esparramado numa cadeira. O jornal suspenso pelas mãos, com o noticiário esportivo oferecendo opiniões. Queria-o! Mesmo que fosse unicamente após o trabalho.
O santo trabalhava dia e noite e mesmo assim não dava conta dos pedidos. E ela impaciente. E se houvesse alguém a sua frente na fila cuja graça desejada fosse o mesmo Ele?
Resolveu procurar um caminho mais curto. De imediato pensou em algo de sete dias. Não demorou para descobrir que podia ser até em três dias apenas. Entretanto encontrou uma mulher que lhe cobrou uma abundância. Cada dia a menos uma centena a mais nos cifrões! Sorte sua comprar o jornal naquela tarde. Nele publicava-se uma simpatia para mulher amada. Bem, serviria para homem amado também, julgou. Faltava-lhe dinheiro suficiente para tê-lo em três dias. Mas o tempo era tão curto... Ligou mesmo assim, a fim de pechinchar. Por amor, a mulher disse diretamente, não atendia ninguém. Ficava claro que, sob certa medida, o amor lhe custaria caro.
Fez a simpatia do jornal. Mas de forma alguma brigou com santo Antônio. Com o dinheiro insuficiente para trazê-lo em três dias, comprou um belo vestido de alça. Durante a festa de São Benedito, investiu em um copo de vinho. Depois negociou seu acanhamento ao olhá-lo calorosamente.
Aproximaram-se entre risos e comentários. Quando, antes do beijo, ele declarou: Você me conquistou! Ela não pestanejou e respondeu: Sou uma mulher de muita atitude.

Rafael Alvarenga

Resende, 16 de março de 2014

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