quinta-feira, 13 de junho de 2013

Uma crônica para Milton

Uma crônica para Milton

Esses homens Mineiros talvez nunca tenham entrado em minas. Mas como pode seu canto revelar tantas pepitas. São mineiros garimpando o diamante da poesia na indelével pressão rochosa da vida. Sua voz, sua encanto, vem andando descalça lá das Minas Gerais.
E sua voz não é apenas de garganta; é voz pesada de corpo todo. Materializando seu nome, Milton. E sua poesia feita em melodia, que os lábios são capazes de levar num assobio até a mais internacional esquina, cabe na maior das coisas.
Diz-me ele de uma sede morta em bica; de um cansaço desencarnado em rede balançando. De um coração que não deve precisar de coragem para bater.
Apoiado em seu violão cumprimenta os amigos. Talvez alguns fossem mineiros. Mas tantos outros são Mineiros. E do alforje de seus instrumentos derramam outros diamantes. Lapidadas as canções brilham em tantos lados quanto forem ouvidas. Abrem caminhos como picaretas fortes. Contudo somente podem ser tocadas por cordas e teclas e sopros e sentimentos.
Para unir mar e céu, Milton canta estrelas. Para unir o vestido e o girassol canta a cor. Para unir a estrada e o encontro canta o pó das sandálias velhas. Minas é tão grande. Somente uma canção para fazê-la caber em um pedacinho simples de emoção.
Canções preciosas. Canções em forma de caminhos: prontas para levar.

Rafael Alvarenga

Resende, 03 de julho de 2013

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