Balão
Eu nunca andei de balão. Mas outro dia li na rima
de uma suave poesia que “o objeto era tão leve quanto um balão”. Lembrei-me das
fotos de uma revista velha: um céu bem grande e amanhecido todo pintado de
azul. E os balões coloridos voando. Tão leves que eram.
Se a gente pensar direitinho, vê que essa vida é
toda torta mesmo. Um balão é enorme! Maior que um animal enorme. E pesa quilos
que em outras circunstâncias não sairiam do chão assim, tão delicadamente. É um
peso gigante que vai andando em voo pelo céu.
Tanta loucura! Mais impressionante ainda é saber
que o homem enche a pança do balão com ar quente. Logo uma coisa que ninguém
vê! Veja você! Ninguém vê o ar dentro do balão. Ainda assim a cestinha de palha
amarrada em baixo da barriga dele fica cheia de gente. Todo mundo querendo
andar no céu para ver a terra do alto. Todo mundo acreditando no que ninguém
vê. Deus do céu! Somos assim mesmo!
O ar dentro do balão. E a mão do vento, fora dele,
conduzindo por via larga. O balão pelo céu azul, tão leve, tão balão, que
sequer alguém ouve seus passos aqui embaixo da imaginação.
Rafael Alvarenga
Resende, 04 de julho de 2014
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