quarta-feira, 4 de junho de 2014

Balão

Balão

Eu nunca andei de balão. Mas outro dia li na rima de uma suave poesia que “o objeto era tão leve quanto um balão”. Lembrei-me das fotos de uma revista velha: um céu bem grande e amanhecido todo pintado de azul. E os balões coloridos voando. Tão leves que eram.
Se a gente pensar direitinho, vê que essa vida é toda torta mesmo. Um balão é enorme! Maior que um animal enorme. E pesa quilos que em outras circunstâncias não sairiam do chão assim, tão delicadamente. É um peso gigante que vai andando em voo pelo céu.
Tanta loucura! Mais impressionante ainda é saber que o homem enche a pança do balão com ar quente. Logo uma coisa que ninguém vê! Veja você! Ninguém vê o ar dentro do balão. Ainda assim a cestinha de palha amarrada em baixo da barriga dele fica cheia de gente. Todo mundo querendo andar no céu para ver a terra do alto. Todo mundo acreditando no que ninguém vê. Deus do céu! Somos assim mesmo!
O ar dentro do balão. E a mão do vento, fora dele, conduzindo por via larga. O balão pelo céu azul, tão leve, tão balão, que sequer alguém ouve seus passos aqui embaixo da imaginação.

Rafael Alvarenga
Resende, 04 de julho de 2014



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