Divulguemos o ano novo
Hoje nós vamos comemorar que o ano já se tenha
fixado na superfície terrestre. As pessoas já trabalham normalmente. As lojas
vendem e os fregueses bocejam. Há quem não se lembre onde guardou o pedaço de
papel onde pontuou promessas e mudanças. O caminhão de lixo levou as garrafas.
Passou cedo hoje esse serviço. Tanto coisa esvaziada. As crianças sequer
sentiram. Que lhes interessa um ano novo se todo ano que têm até agora é e
continuará sendo novo também? Quanta inconveniência esses foguetes esse
folguedo esses fogos! Artifício assustador! Dizem com todo corpo já que a boca
ainda é a palma da mão de sua alma.
O ano é novo em todo esse calendário! Mas as
pessoas continuam indo aos mesmos lugares. As máquinas ainda oferecem as mesmas
panes e os sistemas elétricos também entram em curtos. Mas nós prometemos mais
empenho e zelo. Ali no varal ocorreu um nó. Há quem desate? Hoje parece
anteontem. Entretanto anteontem era ano passado. E nós todos prometemos
mudanças. Que confusão! Confusão dos problemas. Os problemas é que são os
problemas. Nós prometemos mudanças. Nós estamos dispostos a mudar. Contudo os
problemas continuam. Permanecem urrando por resoluções continuas que
ultrapassam os anos, que engolem calendários, soterram dias e noites. O
problema deve ser os problemas que não compreendem que o ano é novo e que tudo
deve ser realizado e resolvido no ano que já nasceu.
Rafael Alvarenga
Itatiaia, 02 de janeiro de 2015
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