Feliz hábito novo
Há quem diga
que nada é mais poderoso que o hábito. Um homem acorda, liga a cafeteira e vai
ao banheiro. Volta, enche uma xícara, acrescenta uma colher de açúcar e abre o
jornal – agora uma versão digital. Esse homem faz isso há trinta anos.
Aquele outro
homem adquiriu o horário da escola. Mesmo que seja domingo ele acorda com o sol
ainda tímido. No entanto não pensem que ele durma com as galinhas. Pois manteve
outro hábito. Quando precisa da vigília prolongada durante a noite, dorme
algumas horas da tarde que tem.
O hábito está
dentro do homem. É de estimação. É uma espécie de patrão que pode dizer “Eu te demito!”;
sim, nossos hábitos têm o poder de nos desempregar de nós mesmos. E quem
gostaria de se exonerar de si mesmo? Quem está cansado desse seu eu a ponto de procurar outro para ser o
si mesmo? Isso que chamamos eu mesmo
é um conjunto de hábitos. De forma que para mudar eu mesmo, preciso mudar meus hábitos. O problema é que me apeguei
aos meus hábitos. Não passo um dia sequer sem eles. Não há nada que possa fazer
sem a orientação deles. Pelos meus hábitos troquei a cor das paredes da minha
casa, me divorciei, parei até de comer pão. Procurei até uma espécie de H.A.
(Hábitos Anônimos), mas não achei nada.
O ano virou,
mas esse homem continua crendo que o problema são os outros. Tudo bem, às vezes
o problema são os outros mesmos. Mas e meus hábitos?
Vou aproveitar
que o ano virou e trocar alguns deles. Mas vou pensar com calma. Não posso me
perder totalmente desse eu mesmo que
sou. Afinal, já estou tão habituado a ele!
Rafael
Alvarenga
Itatiaia, 05
de janeiro de 2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário