sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Feliz hábito novo

Feliz hábito novo

Há quem diga que nada é mais poderoso que o hábito. Um homem acorda, liga a cafeteira e vai ao banheiro. Volta, enche uma xícara, acrescenta uma colher de açúcar e abre o jornal – agora uma versão digital. Esse homem faz isso há trinta anos.
Aquele outro homem adquiriu o horário da escola. Mesmo que seja domingo ele acorda com o sol ainda tímido. No entanto não pensem que ele durma com as galinhas. Pois manteve outro hábito. Quando precisa da vigília prolongada durante a noite, dorme algumas horas da tarde que tem.
O hábito está dentro do homem. É de estimação. É uma espécie de patrão que pode dizer “Eu te demito!”; sim, nossos hábitos têm o poder de nos desempregar de nós mesmos. E quem gostaria de se exonerar de si mesmo? Quem está cansado desse seu eu a ponto de procurar outro para ser o si mesmo? Isso que chamamos eu mesmo é um conjunto de hábitos. De forma que para mudar eu mesmo, preciso mudar meus hábitos. O problema é que me apeguei aos meus hábitos. Não passo um dia sequer sem eles. Não há nada que possa fazer sem a orientação deles. Pelos meus hábitos troquei a cor das paredes da minha casa, me divorciei, parei até de comer pão. Procurei até uma espécie de H.A. (Hábitos Anônimos), mas não achei nada.
O ano virou, mas esse homem continua crendo que o problema são os outros. Tudo bem, às vezes o problema são os outros mesmos. Mas e meus hábitos?
Vou aproveitar que o ano virou e trocar alguns deles. Mas vou pensar com calma. Não posso me perder totalmente desse eu mesmo que sou. Afinal, já estou tão habituado a ele!

Rafael Alvarenga

Itatiaia, 05 de janeiro de 2017

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