Eletroencefalograma do
futebol brasileiro
O Corinthians até ontem era um
telhado cheio de goteiras. Choveu o campeonato paulista, choveu a Libertadores.
Mas Tite abriu a caixa de ferramentas e concertou tudo como se o fizesse em sua
própria casa.
O Internacional mais uma vez
vem. Mas de tanto chegar e não levar, já lhe vão perdendo o medo. Já seu
vizinho, o Grêmio, é um milagreiro: basta-lhe um gol e aparecem três pontos.
O Palmeiras tem o Cuca que se
declarou torcedor do porco desde menininho – disse depois de assinar o
contrato. O Flamengo contratou a pior versão de Muricy Ramalho: a tranquila. E
agora, já sem ela, tem um técnico interino que justifica derrotas dizendo que
perdeu para um postulante ao título.
O São Paulo acha que ganhará a Libertadores.
O Fluminense quer o divórcio com Fred, mas não sabe como dizê-lo para sair de
casa. E a Chapecoense pode até ir bem, mas ninguém quer ver. O Santa Cruz já
acordou do sonho. Ganhar a Série-A demora 38 rodadas e não quatro. A Ponte Preta
luta para chegar no outro lado de lá sem cair. E o Santos continua revelando
bons jogadores.
O Atlético-MG foi considerado
favorito, mas foi perdendo aqui e ali, empatando acolá e até agora ganhou
experiência. O Figueirense alcançará, no máximo, uma cota de TV para auxiliar
nas despesas do dia a dia. Já o Vitória jura que seu lugar é bem ali: no meio
da tabela.
Ao Coritiba falta coxa, peito,
raça e vitórias. O Sport foi a preferência de Diego Souza. Tomara que não seja
por causa da cachaça Pitú, muito apreciada por lá. O Atlético-PR gastou todas as
suas forças para emagrecer o Walter.
O Cruzeiro vive uma crise tão
grande que devia mudar a cor do uniforme: de azul pra cinza. O Botafogo treina
a vida inteira pra correr os 100m rasos do campeonato carioca e agora se
arrisca na maratona do Brasileirão: uma atitude suicida. E o América-MG é o
coelho. Naturalmente não tem nada de predador, é presa.
Rafael Alvarenga
Itatiaia, 09 de junho de 2016